[1840] Já havia se festejava Momo em Salvador por volta desse ano – não nas ruas, onde o entrudo ainda era permitido, mas nos salões, com bailes de máscaras e de fantasias realizados pela alta sociedade baiana.
[1877] Organizadores de bailes no Theatro São João revertem parte da renda em favor do Asilo da Mendicidade. O jornal “O Monitor” congratulou o fato acontecido e destacou: “É assim que pensamos que os bailes mascarados vão substituir os nocivos… brinquedos do entrudo. E é ainda com alegria porque a empresa quis por tão justo motivo unir a este antigo divertimento um óbulo para o Asilo”.
[1884] Se institui o carnaval oficial de Salvador, com os desfiles e as associações carnavalescas – foi chamado, por vezes, de “carnaval dos clubes”. O poder público consegue efetivar a proibição ao entrudo nas ruas e desfilam pela primeira vez os clubes Cruz Vermelha e Fantoches de Euterpe.
[1884] Na sua estreia, o Fantoches de Euterpe desfila pela primeira vez e exibe como temática central do cortejo a entrada triunfal de César em Roma. O enredo retratou o momento em que César volta vitorioso e em cortejo a Roma, após longas guerras contra grupos conhecidos como “bárbaros”. Esse momento representava a glória e a força do grande império romano. Centuriões e senadores romanos, assim como outras fantasias relacionadas, davam o tom do desfile.
[1884] O bisavô do ex-governador e senador Antonio Carlos Magalhães, o sr. Antonio Magalhães Costa, compunha o grupo que fundou o Fantoches da Euterpe sob a presidência de Luis Tarquino.
[1884] Primeiro desfile do Clube Carnavalesco Cruz Vermelha. Nesse ano, o clube fez uma crítica direta ao jogo de loteria da época. A partir daqui o Cruz Vermelha incorporou a ideia de “carro de crítica” aos seus desfiles.
[1885] Os organizadores do baile no Theatro São João, prestam homenagem aos clubes Cruz Vermelha, Fantoches da Euterpe e Sacarolhas. Metade do rendimento liquido desse evento foi destinado em favor das vítimas de tremores de terra na Espanha.
[1887] Cruz Vermelha e Fantoches de Euterpe encabeçaram uma ação conjunta para a liberação de uma escrava, via carta de alforria.
[1889] O Fantoches de Euterpe faz desfile memorável com a temática ligada aos reinados franceses do renascimento. No desfile as fantasias e carros de ideias representavam fatos e personagens do reinado de Luís XV e do “Rei Sol” (Luis XIV).
[1890] Primeiro carnaval pós-proclamação da república! As críticas do Fantoches de Euterpe foram um dos destaques daquele ano, sendo uma de suas alegorias dedicada à politicagem brasileira. Uma “gargantua” gigante recebia muitos pratos de comida e enchia a barriga com perus e leitões de papelão que representavam “impostos”, “advocacia administrativa”, “filhotismo inepto” etc.
[1891] Nesse ano, um memorável desfile do Cruz Vermelha foi realizado tendo como tema central a dinastia política italiana da Casa dos Médicis. Nesse sentido, a corte de Florença fora largamente representada em carros, estandarte e fantasias.
[1892] Um grupo de foliões do Cruz Vermelha, aproveitando que o notório clube não sairia neste ano, criou o Tutti-Frutti, um pequeno clube, para desfilar no carnaval. Ao que consta, só saiu neste ano.
[1899] Fundação do Club Carnavalesco Innocentes em Progresso. Formado por foliões dissidentes do Fantoches, o Innocentes fica conhecido pelos carros de críticas, deboche e humor.
[1900] O Clube Carnavalesco Innocentes em Progresso faz seu desfile de estréia. Uma estréia modesta com um préstito de apenas cinquenta homens fantasiados de bebês.
[1904] O desfile do Cruz Vermelha aborda a França do século XVI. Assim as figuras de Henrique IV e do “Príncipe de Condé” estavam representadas e inspiravam a apresentação de alegorias e subtemas dos carros e fantasias.
[1905] O clube Fantoches da Euterpe foi proibido de desfilar no domingo porque foi sua licença cassada pela secretaria de segurança pública a pedido de famílias católicas. O motivo: exibiria uma “horrenda carranca” de um tal Sr. Severino. No final das contas, mesmo sob protestos, desfilou com a caveira pelas ruas centrais da cidade.
[1910] O Cruz Vermelha traz diversas novidades ao cortejo, sendo eles uma orquestra infantil, um carro principal com imponentes leões de ornamentação, damas de honra, arautos que trajavam fantasia de cor ouro e carmesim.
[1914] Acontece uma festa chamada de “mi-carême” (micareta) no dia de Páscoa. Os três grandes clubes participaram, ficando o evento conhecido por “a mi-carême dos Clubs carnavalescos”.
[1914] O Clube Carnavalesco Innocentes em Progresso ganha seu primeiro título no carnaval dos clubes com um desfile que tematizou o mar.
[1915] Mais uma vez a chamada “Mi-carême” ganha destaque nos jornais da época, que anunciavam a participação dos três grandes clubes.
[1919] Durante o carnaval daquele ano a campanha eleitoral foi o tema do clube carnavalesco Innocentes em Progresso. Assim, o carro de idéias “O Enigma” representou Ruy Barbosa e diversos outros políticos envolvidos na sucessão presidencial.
[1920] Os grandes clubes participaram de uma passeata durante a festa de ano novo! Fantoches, Cruz Vermelha e Innocentes em Progresso desfilaram na noite da virada do ano 1920 para 1921 em um grande corso, juntamente com mascarados, associações atléticas, automóveis etc.
[1930] Durante o início da década os Fantoches deixam de desfilar, só retornando em 1935.
[1935] Na disputa daquele ano os três grandes clubes foram considerados empatados e vencedores, ou seja, todos os três considerados em nível e em pé de igualdade, tanto pelo público (sempre dividido) como pela crítica.
[1936] O destaque dos jornais é dado a chamada “Guarda de honra feminina” do Cruz Vermelha. Uma guarda de honra formada, exclusivamente, por mulheres que nesse ano abria o cortejo com o arauto da corte de Marco Antônio no carro de nome “Gloria a Bahia” que homenageava Castro Alves, Ruy Barbosa, Teixeira de Freitas, Manoel Victorino e Silva Paranhos.
[1939] Durante a segunda Guerra Mundial, o clube Cruz Vermelha muda de nome para Cruzeiro Vitória para não ser confundido com a organização assistencialista internacional.
[1951] Os três grandes clubes desfilam em cortejo único pelas ruas centrais da cidade durante o período de carnaval! Esse espetáculo, como se pode imaginar, foi anunciado com entusiasmo pelos jornais. A tradição do carnaval de carros alegóricos estava sendo homenageada naquele ano e os três grandes clubes eram quem melhor representavam essa prática.
[1958] O clube Cruz Vermelha desfila pela última vez com o tema de Helena de Tróia e a guarda troiana revivendo a mística dos carnavais de início do século.
[1962] Com o tema “A bela adormecida”, desfila pela última vez o Clube Carnavalesco Fantoches de Euterpe.
[1978] Os três clubes retornam como homenageados na decoração de rua da cidade para o carnaval. Esta ideia veio de Juarez Paraíso, Carlos Dantas e Renato Viana e tinha como tema as “Sociedades Carnavalescas”. Na ocasião, também, foi homenageado o grupo Cavaleiros de Bagdá.
[1988] Desfila pela última vez o Clube Carnavalesco Innocentes em Progresso.