Curiosidades

– Em 1951, o famoso clube carnavalesco Vassourinhas, oriundo de Pernambuco, vem a Salvador para uma única apresentação. O anúncio de sua vinda foi veiculado diariamente pelos jornais, cercando de expectativa a apresentação do famoso grupo. Composto por 300 figurantes, o Vassourinhas foi contratado pela rádio Sociedade da Bahia juntamente com o apoio do então governador Octávio Mangabeira. O alvoroço foi tanto que o grupo teve dificuldades em se apresentar devido ao grande número de pessoas presentes nas ruas para vê-los.

– O Esporte Clube Bahia também brincava o carnaval. O clube colocava às ruas durante o Reinado de Momo, ainda na década de 1950, o Grande Cordão Tricolor.

– Virou tradição no carnaval baiano o Cordão Cada Ano Sai Pior abrir a folia de Momo, sempre aos sábados.

– O grito de carnaval da Rua Chile foi, durante algumas décadas, um dos momentos mais aguardados pelos foliões apaixonados pelo Reinado de Momo na capital baiana. Dezenas de cordões e batucadas marcavam presença para concorrer aos prêmios prometidos pelo anfitrião da folia, o Sr. Ferreira –  responsável pelo estrondoso grito e o dono da loja Duas Américas.

– Conta a lenda que os tamborins utilizados pelos cordões e batucadas eram feitos com couro de gato. Isso mesmo, o felino doméstico. Segundo os cronistas carnavalescos da década de 1950, bastava se aproximar da folia momesca pra não enxergar mais nenhum gato nas ruas, especialmente em bairros festivos – como era o caso do Tororó.

– Em 1958, os responsáveis pelos cordões e blocos decidiram desfilar no domingo de carnaval, e não na segunda-feira. Coincidindo com o desfile dos grandes clubes carnavalescos. O motivo de tal decisão foi de ordem estética, já que, segundo os blocos e os cordões, na segunda-feira suas fantasias já estariam sujas da folia da véspera.

– Também em 1958, o cordão Vai Levando rifou uma máquina de costura para, com o dinheiro arrecadado, cobrir os custos das fantasias. Tal atitude revela que o aporte do poder público não era suficiente para que algumas entidades pudessem sair às ruas nos dias de folia.

– No carnaval de 1959, o Filhos de Gandhy venceu na categoria “cordão afro-brasileiro”, comemorando em grande estilo sua primeira década de existência.

– O cordão Filhos do Mar não desfilou no carnaval de Salvador nos anos de 1957 e 1958. A razão da ausência na folia se deu pelo motivo de seu presidente e de alguns de seus componentes estarem na França, onde, inclusive, se apresentaram nas ruas da cidade de Nice.

– No ano de 1960, surge o Cavalheiros de Bagdad, uma dissidência do famoso Mercadores de Bagdad. Resultado de uma briga decorrente da apuração das eleições para presidência. O então presidente dos Mercadores, Armando Sá, não concordando com a derrota nas urnas, decidiu sair e fundar outra entidade. A partir daí, surge uma grande rivalidade entre os dois, registrada e alimentada pela imprensa local. As duas agremiações eram, geralmente, categorizadas como “pequenos clubes”, mas apareciam, também, como cordões.

– E por falar em Mercadores e Cavalheiros de Bagdad é obrigatório que se fale de uma figura emblemática, que marcou fortemente o carnaval de Salvador a partir da década de 1950. O nome dele é Nelson Cruz, o conhecido Nelson Maleiro. Além de ter sido um dos melhores profissionais em confecção de instrumentos de percussão, foi o responsável pelo sucesso e beleza dos desfiles das duas entidades que participou ativamente – o Mercadores e, depois, o Cavalheiros de Bagdad.

– Em 1962, a folclorista Hildegardes Vianna apresenta no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia uma conferência sobre a história do carnaval da Bahia.

– O uso abusivo do lança-perfume começa a incomodar a sociedade baiana já na década de 1950, como pode ser visto no texto de XPTO, cronista carnavalesco do Jornal A Tarde.

– Em 1963, o então presidente Jânio Quadros proíbe a fabricação e distribuição de lança-perfume em território nacional. Em 1964 seu uso é proibido definitivamente no carnaval de Salvador. Com essa medida, o artefato carnavalesco não desaparece, mas passa a integrar o submundo da ilegalidade.

– Era proibido às entidades carnavalescas que participavam do concurso do carnaval organizado pela prefeitura de haver qualquer propaganda comercial e política em suas alegorias.

– As regras do concurso oficial eram avaliadas com rigidez pela comissão julgadora. Exemplo disso foi o que aconteceu ao cordão Ouro Negro, que no carnaval de 1967 foi desclassificado por trazer bandeira e não estandarte, item obrigatório para esta categoria.

– Quando um cordão, uma batucada e/ou uma escola de samba sagrava-se campeão por três vezes consecutivas lhe era interditada a disputa do concurso do carnaval do ano seguinte, não sendo, contudo, proibido o seu desfile.

– Em 1967, a SUTURSA promoveu o desfile das entidades vitoriosas no domingo seguinte ao carnaval. O desfile ocorreu na avenida Oceânica e não no tradicional circuito Campo Grande-Praça da Sé. Não imaginavam eles que estavam antecipando um movimento que se iniciou oficialmente quase trinta anos depois, a criação do circuito Barra-Ondina, conhecido como Circuito Dodô.

– Na década de 70, a SUTURSA criou o concurso de decoração das sedes sociais das entidades carnavalescas com o intuito de estimular a ornamentação durante o período de folia.

– Em 1970 é inaugurada uma exposição no foyer do Teatro Castro Alves que faz uma retrospectiva do carnaval de Salvador, a exposição ficou aberta ao público durante todo o mês de fevereiro.

– No carnaval de 1972, o cordão Filó e Sofia – formado por alunos, funcionários e professores da Faculdade de Filosofia da UFBA – criou uma ala para turistas. A ideia era que fossem acolhidos para que, em sua passagem por Salvador, pudessem desfilar no carnaval, vivenciando-o mais de perto.

– Os jornalistas, além de acompanharem tudo o que dizia respeito ao carnaval, para melhor o noticiarem, criaram seu próprio bloco para brincarem a folia de Momo – o Filhos da Pauta.

– Em 1975, depois de trinta e três anos de desfiles, o cordão Filhos do Mar sai às ruas pela última vez no carnaval de Salvador, devido à saída do diretor Archimedes da Silva que resolveu se dedicar integralmente à direção da Federação dos Clubes Carnavalescos. Neste mesmo ano, a escola de Samba Diplomatas de Amaralina anuncia que desfilaria pela última vez devido a dificuldades financeiras.